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Pau Brasil


Paubrasilia echinata

Origem: Brasil, na costa do Ceará ao Rio de Janeiro Altura: até 12 metros Tipo: Árvore Uso: Medicinal, prático e ornamental


Pau-brasil é o nome genérico que se atribui a várias espécies de árvores do gênero Caesalpinia (atualmente Paubrasilia) presentes na região da Mata Atlântica brasileira.


HISTÓRIA

O pau-brasil ocupou o centro da história brasileira durante todo o primeiro século da colonização.

Naquele tempo a madeira era muito utilizada na construção civil e naval e para trabalhos de torno, pela coloração vermelho-laranja-vivo.

Um século antes dos portugueses chegarem, já se falava pela Europa de uma árvore que existia e que começou a ser cultivada na Itália com o nome de Berzino, Bressil ou Brazini.

Quando os portugueses chegaram à costa brasileira, encontraram aqui esta mesma árvore ou outra muito semelhante.

Os portugueses não encontraram muitas riquezas de imediato que pudessem levar para Portugal, por isso começaram logo com a extração dessa madeira.

As árvores eram cortadas em toras e levadas de navio para Portugal e toda a Europa.

As que chegavam a Lisboa eram levadas para Amsterdã onde prisioneiros raspavam as toras até se transformarem em pó. Mesmo de qualidade inferior ao pau-de-tinta do Oriente (Caesalpinia sappan L.), o valor do pau-brasil era tão alto para o padrão de comércio da época que nos primeiros cem anos de colonização foram derrubadas 2 milhões de árvores de pau-brasil, mais ou menos 50 por dia. Já por volta de 1558, os indígenas tinham de se afastar aproximadamente 20 Km da costa para encontrar a árvore. Se for imaginado que o pau-brasil era de incidência média nas baixadas costeiras, quatro árvores por hectare, cada uma com 50 cm de diâmetro, em ponto de cortar, foram varridos em 100 anos 6.000 Km2 de Mata Atlântica!

François Tourte, em 1775, em Paris, construiu o primeiro arco de violino com madeira de pau brasil. O arco foi considerado perfeito no que diz respeito à extensão e curvatura. O pau-brasil passou a ser considerado uma madeira muito boa para essa finalidade, pois apresentava peso e espessura ideais. O desperdício da madeira era enorme: para a produção de um arco de violino, era exigida a parte mais flexível, sem nó, e cortada no sentido de maior comprimento das fibras, reduzindo o aproveitamento no trabalho artesanal a 15% da tora.

Lamarck, em 1789, batizou a árvore com o nome de Caesalpinia echinata em homenagem ao botânico e médico grego do papa Clemente VIII, André Cesalpino. Para os povos nativos a árvore era conhecida por Ibirapitanga, que significa árvore ou madeira vermelha.

A exploração do pau-brasil marcou o início da destruição da Mata Atlântica. No século XVIII já era quase impossível encontrar um pau brasil nativo.

No século XX, a sociedade brasileira redescobriu o pau-brasil como um símbolo do país e também do desmatamento desmedido, pois estava em perigo de extinção, e algumas iniciativas foram feitas no sentido de reproduzir a planta à partir de sementes e utilizá-la em projetos de recuperação florestal, com algum sucesso. A árvore foi oficialmente declarada em extinção em 2004, e passou a ser protegida por lei, não podendo ser mais cortada.

Em 1961, quando Jânio Quadros era Presidente da República, aprovou o Projeto n.3.380/61, que declara o Pau-Brasil árvore nacional e o Ipê Amarelo, a flor nacional.

Em dezembro de 1978 o dia 03 de maio foi oficializado como dia Nacional do Pau Brasil com a finalidade de conscientizar a população da necessidade de preservar a árvore que, para atingir sua plenitude, demora cerca de 100 anos. Estima-se que a população desta planta não passe, hoje em dia, de 3% da quantidade existente na época da colonização.

Em 2016 o nome científico do pau-brasil mudou de Caesalpinia enchinata para Paubrasilia enchinata. De acordo com os taxonomistas de plantas, o pau-brasil apresenta material genético e traços morfológicos suficientemente diferentes para se tornar um gênero próprio.


USO

O pau-brasil atualmente continua sendo utilizado na fabricação de arcos de violino. A produção e exploração racional da árvore não é difundida, pois para esse fim é necessário que as árvores tenham pelo menos 30 anos de vida. No entanto existe grande demanda internacional por sua madeira, sendo inclusive normatizada pelo Cites (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas), podendo representar um grande investimento a longo prazo.

Tornou-se uma árvore popularmente usada como ornamental e é motivo de orgulho em alguns jardins e campos.

Seu uso medicamentoso e terapêutico ainda necessita de muitos estudos e testes, pois a maioria dos espécies se encontram em áreas remotas e de difícil acesso Algumas pesquisas apontam ação antitumoral para alguns tipos específicos de carcinoma. Possuem flavonóides, proantocianidinas condensadas, açúcares

redutores e terpenos.

Na medicina popular é utilizada como adstringente, agentes curativos, analgésicos orais e tônicos.



CURIOSIDADES

Durante muito tempo se acreditou que o nome do pau brasil é que deu nome ao país, mas mais recentemente surgiram algumas dúvidas, se não foi o contrário e o Brasil é que deu nome a árvore. Existem evidências de que antigos navegantes celtas já conheciam nossas terras, que eles pensavam ser uma ilha e chamavam de O’Brézail ou Hy Brezail. Existem, inclusive, mapas com esta ilha marcada. Ou seja, já era Brasil antes de Cabral!

  • Por volta de 1700, uma pessoa podia ser condenada à morte por cortar uma árvore de Pau Brasil, mesmo assim, alguns ainda arriscam, devido ao alto valor de negociação das toras.

  • Em 1924, Oswald de Andrade publicou o Manifesto Pau Brasil no jornal Correio da Manhã. Oswald iniciou assim a primeira fase do movimento modernista no Brasil, onde artistas defendiam a nacionalização da arte.



CARACTERÍSTICAS


Divisão: Magnoliophyta Classe: Magnoliopsida Ordem: Fabales Família: Fabaceae como o feijão. Gênero: Paubrasilia Espécie: P. echinata

Folhas compostas duplamente pinadas (bipinadas) com 5 a 6 pares de pinas, cada uma com 6 a 10 pares de folíolos, com 1 a 2 cm de comprimento. Seu tronco é áspero e descamante através de placas de forma irregular, deixando mostrar por baixo uma superfície vermelho-alaranjada que contrasta com o restante da casca de cor cinza.

Flores muito perfumadas, de cor amarela, que permanecem na planta por menos de uma semana.

Frutos são vagens totalmente recobertas por espinhos que se formam logo após a floração e amadurecem deixando cair espontaneamente as sementes em menos de 50 dias. Um kg de sementes contém aproximadamente 3.600 unidades.


REFERÊNCAS

SALLES, Ruth. Do Mulungu ao Manacá: conversando sobre a flora do Brasil.1ª edição. São Paulo, SP. Instituto Artesocial. 2016.


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