Nome científico Passiflora sp
Origem Regiões Tropicais
Tipo trepadeira
Uso culinário, cosmético, terapêutico, medicinal
O maracujá é a fruta do maracujazeiro, originário das regiões tropicais e subtropicais do continente americano. Apresenta cerca de 530 espécies, sendo mais de 150 delas utilizadas para consumo humano.
HISTÓRIA
A primeira referência ao maracujá, no Brasil, foi em 1587 no Tratado Descritivo do Brasil como “erva que dá fruto”.
Os guaranis têm utilizado essa planta desde sempre para elaborar cataplasmas com as que tratam queimaduras, feridas e inflamações.
Porém, foi NIC. MONARDIS quem, em 1569, descreveu a primeira espécie do gênero Passiflora, a saber P. incarnata L., mas sob o nome de Granadilla. Essa planta, considerada extraordinária pela conformação de suas rubras flores, foi mandada de presente ao Papa Paulo V (1605-1621), que mandou cultivá-la com grande carinho em Roma e divulgar que ela representava uma revelação divina.
Usada pela primeira vez por suas virtudes sedativas pelos astecas, é chamada de Passiflora incarnata, que significa “flor que personifica a paixão” pelos jesuítas no século XVI, sendo “passio” o equivalente a paixão e “flos oris” o equivalente a flor. Eles viram na constituição da planta a ilustração da paixão de Cristo. Relatado na Europa pelos conquistadores espanhóis, essas frutas foram consumidas pela primeira vez por suas qualidades refrescantes. No século XIX que o maracujá tornou-se parte da farmacopeia européia, quando os médicos americanos, por sua vez, reconhecem as virtudes sedativas da planta, mencionadas pelos astecas. É em 1937 que a maracujá entra na farmacopeia francesa.
A flor do maracujá foi inicialmente introduzida no campo da medicina durante os primeiros anos da década de 1840 pelo Dr. L. Phares do Mississipi.
Esta videira foi listada no Formulário Nacional 1916-1936, mas caiu em desuso nos Estados Unidos, apesar de ter sido reconhecido pela sua função de acalmar e suas propriedades sedativas, mesmo naquela época.
O Brasil é, hoje em dia, um grande produtor e exportador da fruta, destacando-se o Estado do Pará, com mais de um terço da produção nacional. Em seguida, vem a região Nordeste, onde os Estados da Bahia, de Sergipe e do Ceará, juntos, alcançam também quase um terço da produção total, e, depois, a região Sudeste, com um quarto da produção, onde o Estado de São Paulo é o líder.
USO
O suco do maracujá oferece ao organismo que o ingere, entre outras coisas, boa quantidade de vitaminas hidrossolúveis, especialmente A e C, sais minerais e fibras. Mas o principal prestígio do maracujá talvez uma das plantas de uso medicinal mais conhecidas no Brasil – advém de suas propriedades calmantes e sedativas. De fato, de seus frutos, folhas e sementes é possível extraírem-se boas quantidades de passiflorina, um sedativo natural.
A fruta é processada para fabricação de suco integral que possui alto valor nutritivo e excelentes características organolépticas. A polpa pode ser, ainda, utilizada na preparação de sorvetes, vinhos, licores ou doces.
Ele tem tem propriedades depurativas, sedativas e anti-inflamatórias. Suas sementes atuam como vermífugos. Por essas características, está incluído na monografia da Farmacopéia Brasileira.
A casca de maracujá, que representa 40% a 50% do peso da fruta, é considerada resíduo industrial, assim como as sementes. Estudos buscam o aproveitamento de suas características e propriedades funcionais, que podem ser utilizadas para o desenvolvimento de novos produtos. O albedo da casca (parte branca) é rico em niacina (vitamina B3), ferro, cálcio, fósforo e fibras, como a pectina.
Esta fibra reduz a absorção de glicídios e lipídios, influenciando no metabolismo destes nutrientes. Portadores de patologias associadas às alterações no metabolismo glicêmico e lipidêmico têm utilizado este recurso de forma indiscriminada. Porém, substâncias designadas glicosídeos cianogênicos, presentes na casca do fruto são tóxicas ao organismo e prejudiciais à saúde. Ademais, o uso exacerbado de agrotóxicos na produção do maracujá é preocupante e a ingestão destes compostos também pode acarretar complicações à saúde. Daí a conveniência em se buscar frutos orgânicos e sempre obedecer a dosagem indicada.
Das sementes pode ser extraído óleo de aproveitamento industrial. As sementes, no maracujá representam cerca de 6% a 12% do peso total do fruto e podem ser boas fontes de carboidratos, proteínas e minerais. O percentual de óleo na semente de maracujá alcança cerca de 25,7% do peso do farelo seco. Tem um bom potencial para aproveitamento tanto na alimentação humana e animal, como em uso para indústria de cosméticos.
O óleo de semente de maracujá, após o processo de filtragem e refinamento, apresenta cor amarelada e odor bem característico. Ele possui em sua composição um elevado teor de ácidos graxos insaturados (87%), sendo predominante nesse grupo o ácido linoleico (também conhecido como ômega 6, que representa 68% dos ácidos graxos insaturados), seguido por ácido oleico (conhecido como ômega 9, 18%), ácido palmítico (12%) e os ácidos esteárico, mirístico e linolênico (menos de 1% de cada). Além de ácidos graxos insaturados, apresenta ácidos graxos saturados, minerais e vitaminas A e C.
O óleo pode ser aplicado na pele e atua como hidratante, emoliente, refrescante e também contribui para a cicatrização, provocando um efeito calmante. Para uso capilar, quando aplicado nos fios, pode ser utilizado com o intuito de combater a caspa e contribuir para o tratamento de cabelos oleosos.
Acredita-se popularmente que o chá de suas folhas, além de atuar como calmante, é também um antitérmico eficaz e que ajuda no combate às inflamações cutâneas.
A flor do maracujá conhecido por passiflora é um produto muito utilizado para tratamento de ansiedade e insônia. Ela serve para ajudar no tratamentos de infecções por fungos, inchaços, hiperatividade, insônia, dificuldade de concentração, depressão, relaxa as tensões musculares e diminui a pressão arterial, suas substâncias controlam o hormônio da serotonina.
Ela é contraindicada para pessoas com hipotensão arterial.
REZA A LENDA
Mburukujá em língua guarani, Passionária ou Mburucuyá em língua castelhana. Mburukujá era uma formosa donzela espanhola que havia chegado às terras dos Guaranis acompanhando seu pai, um capitão do exército da coroa.
Mburukujá não era seu nome cristão, mas o carinhoso apelido que lhe havia dado um indio guarani a quem ela amava em segredo e com quem se encontrava escondido, pois seu pai jamais teria aprovado essa relação. Na verdade, seu pai já havia decidido que ela se casasse com um capitão que ele acreditava ser digno de obter a mão de sua única filha.
Quando lhe revelaram os planos de matrimônio a jovem suplicou que não a condenassem a consumir-se junto a um homem que ela não amava, mas seus apelos só conseguiram aumentar a cólera de seu pai. A donzela chorou desconsolada, tratando de comover o inflexível coração do pai, mas o velho capitão não só confirmou sua decisão; além disso, informou que ela deveria ficar confinada em casa até a celebração das bodas.
Mburukujá teve que se contentar em ver seu amado da janela do seu quarto, pois não estava autorizada a sair para os jardins à noite e dificilmente conseguia burlar a vigilância paterna. No entanto, enviou uma criada de sua confiança para informá-lo sobre seu triste futuro.
O jovem guarani não se resignou a perder sua amada e todas as noites se aproximava da casa tentando vê-la. Vigiava o lugar durante horas e só quando percebia que os primeiros raios de sol podiam delatar sua presença retirava-se com seu coração triste, embora não sem antes tocar una melancólica melodia em sua flauta.
Mburukujá não podia vê-lo, mas esses sons chegavam aos seus ouvidos e a enchiam de alegria, pois confirmavam que o amor entre ambos continuava tão vivo como sempre. Mas, uma certa manhã já não foi embalada pelos agudos sons da flauta. Esperou em vão noite após noite a volta de seu amado. Imaginou que o jovem guarani poderia estar ferido na selva, ou talvez tivesse sido vítima de alguma fera, mas não se resignava a crer que ele tivesse esquecido seu amor por ela.
A doce menina consumiu-se em tristeza. Sua pele macia e brilhante tornou-se cinza e opaca e seus olhos já não refulgiam com formosos brilhos violáceos. Seus lábios vermelhos que antes costumavam sorrir se fecharam em um triste esgar para que ninguém pudesse saber de sua pena de amor. Entretanto permaneceu sentada diante de sua janela, sonhando em ver seu amante aparecer algum dia. Depois de vários dias, viu entre as moitas próximas a figura de uma velha índia. Era a mãe do seu namorado que, aproximando-se da janela lhe contou que o jovem havia sido assassinado pelo capitão que havia descoberto o oculto romance de sua filha.
Mburukujá pareceu recobrar suas forças, e fugindo pela janela seguiu a anciã até o lugar onde repousava o corpo do seu amado. Enlouquecida de dor abriu uma cova com suas próprias mãos, e depois de depositar nela o corpo de seu amado confessou à anciã que daria fim a sua própria vida, pois havia perdido a única coisa que a prendia a este mundo. Tomou uma das flechas de seu amado e depois de pedir à mulher que uma vez que tudo estivesse consumado cobrisse suas tumbas e os deixasse descansar eternamente juntos, cravou-a no meio do peito. Mburukujá caiu junto ao corpo daquele que em vida havia amado.
A anciã observou surpreendida como as penas aderidas à flecha começavam a se transformar em uma estranha flor que brotava do coração de Mburukujá, mas cumpriu sua promessa e cobriu a tumba dos jovens amantes. Não passou muito tempo antes que os índios que percorriam essa região começassem a falar de uma estranha planta que nunca tinham visto antes e cujas flores se fecham à noite e se abrem com os primeiros raios do sol, como se o novo dia lhe dera vida. Esta flor foi o primeiro pé de maracujá.
CURIOSIDADE
Quando os missionários europeus chegaram à América, se encantaram com a exuberância da flor e associaram de imediato alguns dos seus elementos ao calvário de Cristo. Por esse motivo a flor de maracujá também significa "Coração Ferido".
A simbologia da flor de maracujá foi relacionada da seguinte forma: os três estigmas correspondiam aos três cravos que prenderam Cristo na cruz; as cinco anteras representavam as cinco chagas; as gavinhas eram os açoites usados para o martirizar; por fim, no formato da flor era visível a imagem da coroa de espinhos levada por Cristo para o ato de crucificação.
Os tons de roxo que colorem a flor simbolizam o sangue derramado por Jesus Cristo. Aliás, a cor roxa é usada nos rituais cristãos durante a Semana Santa. A história conta que no século XVII o Papa Paulo V ficou maravilhado quando recebeu flores de maracujá de presente e que ordenou que fossem cultivadas em Roma. As flores que tinham vindo da América do Sul, foram um sinal para o Papa que o Evangelho era também para ser espalhado no "Novo Mundo".
No simbolismo religioso, o formato redondo do fruto maracujá corresponde ao mundo de pecado que Cristo deu a sua vida para o salvar.
Em outras línguas, o maracujá é conhecido como o “fruto da paixão”: passion fruit (em Inglês), fruit de la passion (em Francês), fruta de la pasión (em Espanhol).
CARACTERÍSTICAS
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliopsida como a Mamona
Ordem: Malpighiales como a Mandioca
Familia: Passifloraceae
Genero: Passiflora
Especie: P.incarnata e outras
Trepadeiras herbáceas ou lenhosas, podendo apresentar-se como ervas ou arbustos de hastes cilíndricas ou quadrangulares, angulosas, suberificadas, glabras ou pilosas. Seus representantes apresentam as características da família e diferem dos outros gêneros pela presença de cinco estames, cinco pétalas e cinco sépalas, pelo ginandróforo ereto com estames de extremidades livres e com três estigmas.
Em algumas espécies, as folhas são arredondadas e em outras são profundamente partidas, com bordos serrados.
Flores: grandes, vistosas, de coloração que pode variar de branco-esverdeada, alaranjada, vermelho ou arroxeada, de acordo com a espécie. Floresce de dezembro a abril.
Fruto: Geralmente arredondado com casca espessa de coloração verde, amarelada, alaranjada ou com manchas verde-claras, de acordo com a espécie.
Sementes: achatadas, pretas, envolvidas por um arilo de textura gelatinosa de coloração amarelada e translúcida. Frutifica durante o ano todo, menos intensamente de maio a agosto.
REFERÊNCIAS
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