Helianthus annuus L.

“Talvez você saiba que a peônia pertence a Jeannin, a malva rosa pertence a Quost, mas o girassol é meu.”
Vincent van Gogh em carta de 1889
Origem: América do norte e central Altura: até 3 metros Usos: ornamental, alimentício, cosmético, medicinal e terapêutico.
Girassol é o nome comum das ervas anuais e vivazes de um gênero Helianthus da família das Asteráceas. Das 67 espécies do gênero, a mais comum é o Helianthus annuus L.
São plantas anuais originárias da América do Norte e Central. Caracterizam-se por apresentarem caule grosso e robusto, de coloração esverdeada. Seu nome, muito apropriado, vem da característica que a planta tem de ir girando para o lado que o Sol se move.
HISTÓRIA
Os girassóis foram um dos alimentos sazonais vitais dos índios do oeste americano que fabricavam farinha com as sementes há 2 ou 3 mil anos atrás.
Os índios hopis aprenderam a extrair corantes azuis, pretos e vermelhos das sementes e os utilizavam em ricas pinturas corporais e também para tingir tecidos e cerâmicas. Eles utilizavam as partes fibrosas das folhas e caules para produzir tecidos e cestos.
O girassol foi introduzido na Europa durante o século XVI. Pela sua adaptação à Estepe do Sudoeste, o girassol adquiriu popularidade na Rússia desde o princípio do século passado. Este país é hoje o maior produtor e exportador do mundo.A difusão do girassol no Leste Europeu deveu-se à falta de outros óleos e a particularidade de congelar a baixas temperaturas.
Dodonaeus a denominou em 1568 como Chrysantemum peruvianum, pois acreditava, erroneamente, que a planta procedia do Peru, mas sua origem, na verdade, é a América do Norte.
A sua difusão pela América Central e do Sul é relativamente recente, mas conquistou uma larga área devido a sua alta resistência e fácil adaptabilidade.
USO
Antigamente a planta era cultivada como ornamental, mas a partir do século passado adquiriu valor comercial.
No plano medicinal, os Zunis a utilizavam para as mordidas de serpentes com campainha; os Dakotas a utilizavam para as dores no peito, os Pawnees a integravam nas preparações durante a gravidez para que o bebê fosse sadio; os Cochitis utilizavam o suco fresco das hastes para curar as feridas. No plano alimentar, o girassol era considerado como essencial e pequenos biscoitos eram confeccionados para serem comidos a fim de aliviar instantaneamente o cansaço.
As sementes de Girassol contêm de 20 a 25% de proteínas. Essa proteína é relativamente bem equilibrada quanto à sua composição em aminoácidos, e ela é particularmente rica em isoleucina e triptofano, dois aminoácidos essenciais. Ela tem também uma boa presença em metionina e em cisteína, dois aminoácidos deficientes tanto no milho como na soja.
As sementes são ricas em óleo contendo pelo menos 30 % e chegando algumas variedades a ter quantidades superiores a 50 %.O óleo refinado é comestível e alguns consideram a sua qualidade equiparável à do azeite de oliva. O óleo de girassol é uma fonte importante do AGE ácido linoleíco e de vitamina E.
Pode ser utilizado a frio diretamente sobre os alimentos, em molhos para saladas, maioneses, etc. Entra ainda na composição de numerosas margarinas e cremes, em combinação com outros componentes de mais elevado ponto de fusão.
É muito utilizado em artesanato para fazer sabonetes e velas.
Com o resíduo sólido que sobra da extração do óleo das sementes é feito ração para a alimentação animal.
As sementes cruas são usadas nas misturas destinadas à alimentação das aves e, tostadas, são usadas na culinária na alimentação humana.
É utilizado como remédio caseiro para muitas doenças, no combate de doenças de garganta, pele e pulmões e na cicatrização de feridas.
Na América do Sul adiciona-se sumo de flores e sementes ao vinho branco para funcionar como remédio contra doenças e eliminar a pedra do rim e da vesícula.
As raízes de uma espécie, chamada pataca, são comestíveis e podem ser consumidas cozidas ou assadas.
Recentemente tem-se insistido sobre o valor farmacológico das flores e do caule do girassol, que são empregados em forma de tintura alcoólica no combate das febres e no tratamento de feridas.
O girassol por ter suas raízes do tipo pivotante, promove reciclagem de nutrientes e após secar deixa uma matéria orgânica rica no solo; as hastes podem originar material para forração acústica e junto com as folhas podem ser ensiladas e promove adubação verde, devido a seu desenvolvimento inicial rápido é considerado um agente protetor de solos contra a erosão e a infestação de invasoras. Por isso é recomendado para rotação de culturas.
REZA A LENDA
O Girassol está presente na mitologia grega onde se conta que Clítia ou Clície, era uma ninfa que estava apaixonada por Hélio, o Deus do Sol.
Quando este a trocou por Leucotéia, Clície começou a enfraquecer. Ela ficava sentada no chão frio, sem comer e sem beber alimentando-se apenas das suas próprias lágrimas.
Enquanto o Sol estava no céu, Clície não desviava dele o seu olhar nem por um segundo, mas durante a noite, o seu rosto virava-se para o chão, continuando então a chorar. Com o passar do tempo, os seus pés ganharam raízes e a sua face transformou-se numa flor, e continuou seguindo o sol. A Mitologia grega conta que assim nasceu o primeiro girassol.
Ele também aparece em mitologias dos índios brasileiros:
A lenda conta que, certa vez em uma tribo, nasceu uma indiazinha com cabelos claros, quase dourados. A tribo ficou agitada com a novidade, pois nunca haviam visto nada parecido. Assim, a menina foi chamada de Ianaã, que significava a deusa do Sol.
Todos adoravam Ianaã, os mais fortes e belos guerreiros da tribo e da vizinhança não resistiam aos seus encantos. Porém, ela recusava seus cortejos, dizendo que ainda era muito cedo para assumir um compromisso.
Certo dia, a indiazinha estava brincando alegremente e nadando no rio, quando sentiu os raios de sol enviados a ela como se fossem dois grandes braços, acariciando sua pele dourada. Foi o momento em que o Sol tomou conhecimento daquela menininha tão linda e se apaixonou incondicionalmente por ela.
Ianaã também amava o Sol e todas as manhãs ela o esperava nascer com muita alegria. Ele aparecia aos poucos e o primeiro sorriso, assim como os raios dourados e morninhos, eram direcionados para ela. Era como se estivesse dizendo: – Bom dia, minha linda flor!
Não era só o Sol que gostava da indiazinha, ela era amiga da natureza. Por onde passava, os pássaros voavam e pousavam em seus ombros. Ela os chamava de amiguinhos e os beijava.
Tragicamente, um dia a pequena índia ficou triste e adoeceu, quase não saia da choupana. O Sol, apaixonado e sentindo sua falta, fazia tudo para alegrá-la, mas não tinha nenhum resultado. Infelizmente, ela não resistiu e morreu.
A mata ficou em silêncio total, o Sol não apareceu e toda a aldeia ficou triste. O povo da tribo se esvaiu em lágrimas e enterraram Ianaã próxima ao rio que ela tanto amava. O Sol derramou muitas lágrimas até que, certo dia, resolveu aparecer na terra onde a índia amada estava sepultada.
Após muitos meses, nasceu uma planta verdinha, que cresceu e desabrochou uma linda flor redonda, com pétalas amarelas e o centro formado por sementes escuras. A flor ficava voltada para o Sol desde o amanhecer, até o crepúsculo vespertino. Durante a noite, ela se pendia para baixo, como se tivesse adormecido. No início do novo dia, acordava pronta para adorar o Sol e ser beijada e acariciada por seus raios. As sementes viraram alimento para seus amados amiguinhos. Essa linda flor, recebeu da tribo o nome de girassol.
CURIOSIDADE
Van Gogh pintou uma série de quadros com girassóis, seu plano era produzir uma dúzia de painéis em azul e amarelo para pendurar na Casa Amarela de seu amigo Paul Gauguin, com quem acabou brigando. Dizem que foi depois desta briga que Van Gogh cortou sua própria orelha.
Ele acabou suicidando com um tiro no peito e foi encontrado morto ao lado de uma pilha de pinturas de girassóis.
Pouco mais de um século depois, seu quadro “Vaso com Quinze Girassóis” foi vendido por um preço recorde de quase 40 milhões de dólares!
CARACTERÍSTICAS
Ordem: Asterales como a lobelia
Família: Asteraceae como o milefolium e a alcachofra
Gênero: Helianthus
Espécie: H. annuus
As formas mais altas medem até 3 metros. As folhas são alternadas, em forma de coração, ásperas e peludas. O grande capítulo solitário, pode medir quase um metro de diâmetro, tem ligulas amarelas que rodeiam um disco central, flósculos ou flores individuais de cor amarela, vermelha ou purpura, segundo a espécie.
O girassol comum, Helianthus annuus, é a espécie mais importante do ponto de vista comercial. A planta não apresenta ramificação e, na extremidade do caule, forma uma grande inflorescência conhecida como capítulo.
A altura da planta pode chegar a 180 centímetros e o diâmetro do capítulo a mais de 25 centímetros. Cada capítulo pode conter em média 1.000 flores hermafroditas, isto é, têm os dois sexos na mesma flor. No entanto, na maioria das variedades e dos híbridos de girassol não ocorre a fecundação na mesma planta, porque é auto-incompatível.
Produtos Magna Mater com Helianthus annuus


REFERÊNCIAS
LAWS, Bill – 50 Plantas que Mudaram o Rumo da História – Rio de Janeiro - Ed Sextante 2013
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