O meu boi morreu
Que será de mim?
Manda buscar outro, oh morena,
Lá no Piauí!
(Eduardo das Neves)
Hoje é o dia de Bumba Meu Boi ou Boi-Bumbá, como também é conhecido em algumas regiões do Brasil.
É uma dança tradicional, geralmente encenadas nas festas de Santo Antônio, São João, São Pedro e São Marçal. Mistura elementos do teatro, de poesia e de música para trazer a narrativa de morte e ressurreição de um boi.
Teve seu início na região norte, influenciada pela cultura dos índios da Amazônia. Foi levada para o nordeste com a volta dos trabalhadores após o ciclo da borracha, e foi exatamente no nordeste que ganhou forças, se tornando a dança típica do Maranhão, onde sofreu influências, já que os bois eram muito usados na região para carregar a cana de açúcar.
É popular em várias partes do Brasil, mas especialmente nos estados do Amazonas e do Maranhão. Em Parintins, estado do Amazonas, no final de Junho acontece o maior evento destinado ao boi do país. Na festa, duas agremiações de bois, o Garantido (coração vermelho) e o Caprichoso (a estrela azul) disputam, através de lindas apresentações onde os personagens dançam ao som de letras e mitos da floresta amazônica.
A encenação é puxada por um cantador que, através de músicas, dá o tom da encenação de acordo com a narrativa. E um boi, que é feito com uma armação de metal, coberto com papel machê ou tecidos e ricamente enfeitado. Um homem que se “veste” com o boi e que faz os movimentos e dança. Outros personagens como o fazendeiro e o padre podem estar presentes de acordo com a toada e o grupo que encena, assim como o Cazumba, personagem meio palhaço meio monstro, que é usado para controlar a população em volta do cortejo. Junto seguem os músicos, com com matracas, maracás, tambores e pandeiros.
A toada contada na dança, se apresenta como uma rica narrativa que envolve elementos religiosos, culturais, políticos e populares.
O auto do Bumba Meu Boi gira em torno da história de um boi que pertence a um rico fazendeiro. Um dos trabalhadores (Pai Chico) acaba roubando o boi e o matando para satisfazer o desejo da esposa grávida (Catirina) de comer a língua do boi. Quando o fazendeiro descobre que o boi foi furtado, fica furioso e exige que o boi seja devolvido. Desesperado, o empregado reza e pede ajuda aos seus santos e curandeiros que trazem o boi de volta, que ressurge em uma grande festa urrando e dançando.
Carregada de significados, a toada demonstra a fé e a cultura através de uma representação das desigualdades sociais. Esta “brincadeira” acabou ganhando forças e se tornando popular pela identificação do povo com o trabalhador e sua esposa que precisam recorrer aos santos para se salvar da ira do patrão.
Antigamente os folguedos do boi não eram bem vistos, exatamente pela influência indigena e negra era vista como uma ameaça à sociedade e ao estado.
Em 2012, a dança foi registrada como Patrimônio Cultural Brasileiro pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
https://musicabrasilis.org.br/temas/bumba-meu-boi
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