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Consumir ou ser consumista


Quanto consumimos? Será que tudo que compramos precisamos? Você tem noção de quanto gasta por mês com supérfluos? E por que precisamos de tantas coisas?

Vivemos em uma sociedade capitalista, todos nós sabemos, mas o que isso quer dizer exatamente? Como isso influencia em nossas vidas e hábitos?


O capitalismo é um sistema econômico que visa ao lucro e à acumulação das riquezas. Ou seja, é necessário vender produtos para o sistema funcionar. E para vender é necessário que alguém compre, certo? E quem compra é o consumidor.

Então todos somos consumidores. Precisamos de comidas, roupas, móveis, e outros bens (materiais ou não..)


E o que difere um consumidor de um consumista?

Conceitualmente, o consumista é aquele que compra excessivamente, sem necessidade, já o consumidor é caracterizado por comprar o necessário

O ato de ser consumista está diretamente relacionado às sociedades modernas capitalistas e seus meios de comunicação.


Aprendemos desde cedo que comprar é algo prazeroso, vemos a todo momento pessoas felizes adquirindo produtos em propagandas, novelas, filmes. Somos convencidos que adquirir coisas pode nos tornar pessoas mais completas.


De acordo com um estudo do SPC e da CNDL, cerca de 3 em cada 10 consumidores no Brasil consideram as compras como o tipo de lazer favorito.


40,2% dos entrevistados das classes A e B admitem que comprar é uma forma de reduzir o estresse do cotidiano.


A sociedade cria padrões de comportamento, onde ter determinados itens demonstram o quão bem-sucedido um indivíduo é. Nos convencem que se obtivermos “AQUELE bem”, seremos enfim, felizes. Mas quando buscamos e alcançamos esse ‘objeto de desejo’ e já almejamos outros, em uma eterna busca inalcançável de uma felicidade material, temos aí um grave sinal de distorção.


Outro fator que nos impulsiona a comprar é a chamada obsolescência programada. Esta é uma estratégia dos produtores que consiste em desenvolver produtos com um prazo para funcionar ou que se tornam obsoletos em um curto prazo de tempo. Assim, os consumidores são levados a adquirir versões mais novas do bem ou serviço em questão. Isso ocorre com celulares, por exemplo, que cada vez apresentam mais funções diferentes ou lançam novas frequências de transmissão que os aparelhos mais antigos não são incluídos mas que, em muitos casos, nunca utilizaremos. Outro exemplo são impressoras pré programadas a fazer um número determinado de impressões e máquinas fotográficas que tinham um número limitado de cliques. Falando em máquinas fotográficas este é um item quase obsoleto hoje, pois os celulares agora suprem esta necessidade.


O consumismo pode se tornar um vício ou compulsão chamado oneomania. Neste caso as pessoas sentem um prazer ao extremo ao consumir algo, como os viciados em drogas ou álcool, mas ao consumir o prazer acaba rapidamente fazendo com que sinta a necessidade de consumir outra coisa e assim por diante, reflexo de dependências psicológicas e bioquímicas.


Existem vertentes de Marketing (sim, já existe o Neuromarketing) que, cientes desses fatores, aliam aos conhecimentos da neurolinguística e da Neurociência, elaborando estratégias que levam em consideração inclusive os hormônios. Desde a testosterona e o estrógeno em suas ações nos processos de sedução e sensibilização, até os ‘hormônios da felicidade’ (dopamina, serotonina, ocitocina e endorfina) e suas reações com os diferentes níveis de prazer.


Tudo isso pode trazer grandes problemas para o indivíduo e sua família, como o endividamento, a acumulação e tem sérias consequências emocionais como depressão e ansiedade. Além disso temos o sério impacto direto na produção de lixo, que já temos consciência das consequências disso.

Existem muitas formas de diminuir o nosso consumismo e aumentar nossa autonomia, estando menos passivos.


Usar os produtos por mais tempo, consertar produtos avariados sempre que possível e, principalmente, pensar sobre o que realmente necessitamos. Claro que isso nem sempre é simples e fácil.


No entanto algumas dicas podem nos ajudar:

Evite adquirir coisas por impulso, sempre que possível, aguarde pelo menos de um dia para o outro antes de comprar algo que viu, refletindo como já viveu até agora sem aquele item.

Evite ir às compras quando estiver triste, deprimido ou mesmo com TPM!


Experimente passear ao ar livre, visitar um amigo ou fazer outra coisa que goste.


Avalie sua real necessidade, pesquise sobre o uso daquele produto e tenha certeza que ele atende sua expectativa. Muitas vezes adquirimos coisas que não usamos.


Antes de adquirir um produto novo, principalmente em relação aos eletrônicos e eletroportáteis, veja se seu antigo tem conserto ou, caso não tenha conserto, se as peças interessam para técnicos que fazem reparos.


Adquira produtos usados, sempre que possível, eles costumam ser mais em conta e evitam a fabricação de novos itens. Isso pode ser feito principalmente com artigos têxteis como roupas, tapetes, cortinas e também com produtos de uso por períodos curtos como roupas e artigos para bebês.


Outra frente que expressa nossa relação com o consumo, diz respeito aos nossos relacionamentos. Muitas vezes experimentamos a sensação de estarmos ‘consumidos’ animicamente em um relacionamento ou, por outro lado, procuramos apenas satisfazer nossos anseios imediatos, consumindo o outro.


O grau de consciência de si mesmo aliado ao conhecimento para uma avaliação crítica dos artifícios de sedução, possibilita que estejamos presentes em nosso cotidiano, com liberdade de escolha. Afinal, estarmos trancados do lado de fora (“não posso ter”) é tanto quanto estarmos trancados do lado de dentro (“tenho que ter”).


Esse bailado de questões aparentemente antagônicas, representa um maravilhoso desafio que se apresenta permanentemente em nossas vidas: agimos ou reagimos?


Para entender mais sobre este tema indicamos alguns vídeos:


Os delírios de consumo de Becky Bloom

The Light Bulb Conspiracy

A História das Coisas

Criança, a alma do negócio



Terminamos assim nossos textos desta série que abordou alguns dos muitos temas ecológicos atuais. Mas continuamos a refletir todos os dias sobre estes e outros pontos. Entendemos que o futuro de nosso planeta necessita de uma revisão total de nossos hábitos diários. E a cada dia devemos refletir e repensar nossas ações conscientes de nossas responsabilidades.


Quer ler mais a respeito consulte nossas referências:



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