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Cacau


Theobroma cacao


Houve tempo de dedos corroídos,

Duro clamor nos dias mais sofridos,

Cobra no inverno, bala no verão,

De cacau era a flor no coração.

Cyro de Mattos

Origem: América Central e do Sul

Altura: até 8 metros

Tipo: árvore

Uso: culinário, cosmético.

O cacaueiro é uma árvore cujo as amêndoas do fruto dão origem a uma série de matérias primas, entre elas o cacau sólido (matéria não-gordurosa que é moída em um finíssimo pó), a manteiga de cacau (componente gorduroso extraído das amêndoas) além de outros extratos obtidos através de processos variados. O chocolate, que é a primeira imagem que nos alcança quando pensamos nesta planta, é uma combinação do cacau sólido, da manteiga e associações como leite e açúcar em proporções variadas, além de outros ingredientes, cada vez mais diversos e criativos.



HISTÓRIA


O cacau foi citado pela primeira vez em literatura botânica no início do século XVII como Cacao fructus por Charles de L’ecluse . Em 1737 foi introduzido o binômio Theobroma cacao L. A palavra Theobroma significa alimento dos deuses e é inspirada na crença mesoamericana da origem divina do cacaueiro. O termo cacau deriva da palavra cacahualt (idioma nahuatl) falada pela civilização maia.


Nos tempos dos astecas a semente já era consumida depois de ser torrada e moída. Com ela se faziam pratos com legumes e também uma bebida amarga usada em rituais para brindar a Quetzalcóatl, o deus-serpente emplumado. À bebida davam o nome de xocatl. Acredita-se que as amêndoas também tinham uso comercial e eram usadas como moeda.

O contato inicial dos europeus com o cacau foi em 1502, quando um dos navios da quarta expedição de Colombo às Américas encontrou, na costa norte da atual Honduras, uma canoa nativa contendo amêndoas de cacau para comércio. No começo os espanhóis não sabiam como usar as sementes e produziam um prato gorduroso e amargo. Até que alguém teve a ideia de misturar com o açúcar das Índias e teve um resultado incrível! No final do século XVI, a bebida de cacau adoçada já era um sucesso para quem pudesse pagar por ela!


As primeiras casas de chocolate europeias serviam uma bebida espessa, quente e doce. Até que Casparus van Houten, um holandês, descobriu um novo método de processar as sementes misturadas ao leite. Van Houten descobriu um método de reduzir a gordura para produzir uma massa de cacau que podia então ser pulverizado. Em 1838 a patente de Van Houtem expirou e novos fabricantes entraram em cena, tornando o chocolate mais popular.

No Brasil a referência mais antiga sobre o cultivo de cacau na Bahia data de 1655, quando o vice-rei D. Vasco de Mascarenhas confessou-se, em carta enviada ao capitão-mor do Grão Pará, seu apreço pelo chocolate e julgou útil ao Brasil a intensificação do seu plantio, principalmente na Bahia, pelo clima semelhante ao amazônico.


Em 1746, Antonio Dias Ribeiro, da Bahia, recebeu algumas sementes e introduziu o cultivo na Bahia. O primeiro plantio foi feito na fazenda Cubículo, às margens do rio Pardo, no atual Município de Canavieiras. Em 1752 foram feitos plantios no Município de Ilhéus.


A partir da década de 1770 a coroa portuguesa passou a incentivar o plantio de novas lavouras de exportação para diminuir a dependência do comércio do açúcar. Teve início o plantio de lavouras alternativas como café, cacau e algodão.


O plantio tradicional do cacau no sul da Bahia seguiu o sistema de “mata cabrucada”. O sistema cabruca é caracterizado pelo plantio do cacau sob a sombra das árvores da Mata Atlântica e é utilizado na região cacaueira do sul da Bahia por mais de duzentos anos. Ele é responsável pela conservação da biodiversidade, dos solos e das águas e da produção florestal e de sementes, óleos, resinas, flores e outros produtos não madeireiros.


Nas primeiras décadas do século XX o cacau era o mais importante produto de exportação da Bahia e vários fazendeiros de origem humilde, proprietários de vastas plantações de cacau e de importantes casas comerciais, tornaram-se os novos ricos da sociedade baiana.

Em 1990 a produção sul baiana sofreu com a “vassoura de bruxa” que, aliada aos preços declinantes do produto no mercado internacional, gerou uma forte crise no setor. Após a crise econômica, o cacau tipo 1 Bahia deixou de ser negociado em bolsas de valores.

Hoje o Brasil é o quinto maior produtor de cacau do mundo e o Pará é o maior produtor nacional.

USO


Os índios Kuna, da costa do Panamá, utilizavam o cacau para se protegerem contra a elevação da pressão arterial.

Possui efeito estimulante devido a presença de teobromina e cafeína. É rico em carboidratos e proteínas, além de alto valor energético.

Externamente auxilia na regulação da permeabilidade capilar melhorando a circulação sanguínea. Sendo indicado para tratamento de celulite, olheiras e problemas circulatórios em geral.

Tanto o cacau sólido quanto a manteiga e até mesmo o chocolate (em concentrações a partir de 70% de cacau sólido) são riquíssimas fontes de antioxidantes. Compostos bioativos importantes encontrados nas matérias primas extraídas do cacau incluem flavonóides, procianidinas e epicatequina. Embora estas moléculas não sejam exclusivas do cacau, o extrato de cacau contém um nível particularmente elevado destes compostos em comparação com outros produtos vegetais.

Estudos demonstram que o consumo de cacau (em concentrações a partir de 70%) está ligado a um melhor fluxo sanguíneo e melhora da sensibilidade à insulina dentre outros inúmeros benefícios.


No que tange os cuidados com a pele e os cabelos, a alta concentração de antioxidantes da manteiga de cacau, incluindo ácido oleico, ácido palmítico e ácido esteárico trazem inúmeros benefícios, sendo altamente nutritivo, fornecendo uma camada de proteção contra estressores e radicais livres, o que combate o envelhecimento precoce da pele e das cutículas capilares por agressões ambientai. No couro cabeludo melhora a circulação e oxigenação dos folículos pilosos proporcionando força e resistência aos fios.


REZA A LENDA….


Havia um grande deus onipotente chamado Sibu, que tinha poderes para criar homens e animais a partir de sementes. Sibu transferiu seus poderes para outro deus, Sura, lhe entregando suas preciosas sementes. Sura precisou sair e enterrou as sementes para guardá-las. Mas Jabaru, uma outra divindade, viu tudo e desenterrou as sementes e as comeu. Quando Sura voltou, Jabaru cortou sua garganta e enterrou seu corpo no local onde desenterrou as sementes. Jaburu ficou satisfeito com seus atos e voltou para sua casa onde ele descansou com sua esposa.


Depois de um tempo, Jaburu voltou ao túmulo onde havia enterrado Sura e descobriu que no lugar onde estava o corpo haviam crescido duas estranhas árvores.Uma era um cacaueiro e a outra um pé de cabaça. Ao lado das árvores, quieto, estava o deus onipotente Sibu. Ele então ordenou que Jaburu preparasse uma bebida a partir das sementes do cacaueiro. Jaburu apanhou uma fruta repleta de amêndoas e uma cabaça e levou tudo à sua esposa que preparou a bebida e serviu na cabaça. O maldoso Jabaru levou a bebida até Sibu que ordenou que ele bebesse primeiro e assim Jabaru fez. Era uma bebida muito gostosa e então ele foi rápido bebe-la. Mas o prazer da bebida se transformou em agonia. O cacau nascido do corpo de Sura fez a barriga de Jabaru inchar, inchar, até estourar, deixando cair pelo chão todas as sementes que ele havia roubado e comido.

Sibu devolveu a vida a seu amigo Sura e lhe entregou novamente as sementes, assegurando que todos os humanos e animais possam nascer e crescer, para desfrutar toda a generosidade da Terra.


Obs: Apesar de ser uma lenda, percebemos a relação da lenda com as questões ambientais. O próprio desejo de consumir cacau e chocolate é como se fosse um mito que se perpetua ao longo do tempo. A lenda projeta a cacauicultura como uma alternativa dos deuses para produzir um excelente alimento sem agredir a natureza, através da mata cabrucada.


CURIOSIDADE


O chocolate branco, na verdade, não é chocolate… Ele possui manteiga de cacau em sua composição, mas basicamente é feito de gordura, leite e açúcar, que aliás é seu principal componente. Por não conter a parte sólida do cacau ele não é considerado chocolate.



DICA


Para ouvir com as crianças enquanto fazemos essas deliciosas receitinhas com elas!


https://leiturinha.com.br/blog/receitas-de-doces-com-chocolate/

https://www.letras.mus.br/bia-bedran/512258/


CARACTERÍSTICAS


Divisão: Magnoliophyta

Classe: Magnoliopsida

Ordem: Malvales

Família: Malva

O cacaueiro é uma planta que pode atingir de 5 a 8 m de altura e de 4 a 6 m de diâmetro de copa, quando proveniente de semente,, mas pode alcançar até 20 m em condição de extrativismo, devido à competição por luz com outras espécies da floresta.


Raiz - O sistema radicular possui uma raiz pivotante (principal e vertical), que tem comprimento e forma variando de acordo com a estrutura, textura e consistência do solo.

Caule - ereto, vigoroso e é de onde saem ramos e flores. Nos primeiros anos, o cacaueiro apresenta a casca do caule lisa; mais tarde, em decorrência do permanente desenvolvimento das almofadas florais, torna-se áspera e rugosa.


Folhas - oblongas (forma oval), acuminadas (terminadas em ponta) e glabras (desprovidas de pelos), com nervura central proeminente. Quando novas, apresentam uma variação de tonalidades do violeta ao verde. Com o amadurecimento, atingem o verde-escuro e, a partir desse ponto, perdem a pigmentação, secam e caem.

Flores - O cacaueiro é uma planta cauliflora, ou seja, as flores surgem em almofadas florais no tronco ou nos ramos lenhosos, em uma gema desenvolvida no lugar da axila de uma antiga folha.


Fruto - alongado e sulcado, sustentado por um pedúnculo lenhoso, e apresenta uma casca (conhecida como pericarpo carnoso) composta de três partes: Epicarpo - é a parte externa fina e com pigmentação que varia do verde ao roxo e do amarelo ao laranja, à medida que amadurece e dependendo da variedade; Mesocarpo - é a parte mediana, espessa; Endocarpo - é a fina camada interna que protege as amêndoas.


REFERÊNCIAS

Leung AY, Foster S. Encyclopedia of Common Natural Ingredients Used in Food, Drugs, and Cosmetics. 2ª ed. Nova York: John Wiley and Sons, 1980.


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