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Buriti


Nome popular: carandá-guaçu; coqueiro-buriti; palmeira-do-brejo; miriti

Nome científicoMauritia flexuosa L

Família botânica: Palmae

Origem: Brasil – Regiões brejosas de várias formações vegetais.

Tipo: Palmeira

Uso: comercial, artesanato, culinário, terapêutico, cosmético

A mais alta das palmeiras nativas do Brasil, o buriti vive isoladamente ou em comunidades, que exigem abundante suprimento de água no solo.

Conhecido também como carandá-guaçu, pissandó e outros nomes, o buriti pertence à família das palmáceas.

HISTÓRIA 

A importância do buriti transcende a sua utilidade econômica, tornando-se uma das plantas mais estimadas pelas populações de muitas regiões do país.

Ocorre numa extensa área que cobre praticamente todo o Brasil central e o sul da planície amazônica. O estipe ou caule pode alcançar cinquenta metros de altura, com cinquenta centímetros de diâmetro na base.

Existem buritis machos e fêmeas. Os primeiros produzem cachos que apenas resultam em flores; já no caso das fêmeas, as flores se transformam em frutos. Ainda assim, é preciso aguardar aproximadamente um ano para que os frutos estejam maduros e aptos para a colheita, o que acontece entre os meses de dezembro e fevereiro.

Ocorre exclusivamente em áreas alagadas ou brejosas, como em beira de rios, igapós, lagos e igarapés, onde é geralmente encontrado em grandes concentrações na forma de populações homogêneas, formando os chamados “buritizais”. Geralmente parte do tronco fica imerso na água por longos períodos, sem que isso lhe cause danos. É até possível encontrá-lo em solo seco, contudo, em alguma época este local foi muito úmido ou encharcado. Para cultiva-lo em terreno seco deve receber muita água na sua fase juvenil.

O buriti é uma espécie abundante no Cerrado e um indicativo infalível da existência de água na região. Como o Cerrado é rico em água, lá estão os buritis, emoldurando as veredas, riachos e cachoeiras, inseridos nos brejos e nascentes. A relação com a água não é à toa, ao caírem nos riachos, os frutos de seus generosos cachos são transportados pela água, ajudando a dispersar a espécie em toda a região. Os frutos também servem de alimento para cutias, capivaras, antas e araras, que colaboram para disseminar as sementes. Expressa bem como na natureza, tudo funciona na base da cooperação mútua.

Na língua indígena Buriti significa “a árvore que emite líquidos” ou “a árvore da vida”. Considerada sagrada pelos índios por dela se fazer tudo o que é necessário para a sobrevivência, a casa, os objetos e a alimentação. 

A árvore é uma das palmeiras mais ornamentais e elegantes de nossa flora, contudo, totalmente ignorada por nossos paisagistas. O único que ousou usa-la pela primeira fez foi o famoso paisagista Roberto Burle Marx nos jardins do Palácio Itamarati em Brasília.

Os buritis também embelezam a paisagem do Cerrado e são fonte de contemplação, inspiração para a literatura, a poesia, a música e as artes visuais.

Na relva densa e rica das veredas, circundadas em geral por campos limpos, destaca-se majestosamente o buriti: palmeira de estipe elegante e ereto, encimado por folhas enormes e brilhantes. Suas folhagens, abertas em forma de estrela, formam uma copa arredondada, uniforme e linda, vista de baixo sob o céu azul e limpo.

Vistas ao longe, essas matas onde se destacam os buritis, são indício seguro de que por ali existe um curso d’água, descanso e alimento para o sertanejo e para o caboclo: terrenos de várzea e brejos, de solo fofo e úmido, recobertos por extensos buritizais escondem, por entre seus meandros, as águas correntes. Por onde passam, são as águas que carregam e espalham as sementes da palmeira buriti. 

Do buriti – “verde que afina e esveste, belimbeleza”, como diz o Riobaldo de Guimarães Rosa – já foi dito, e muitas vezes reafirmado, desde que aqui chegaram os primeiros europeus com seus viajantes e naturalistas, que se trata da mais bela palmeira existente. Mais do que isso, nas regiões onde ocorre, o buriti é a planta mais importante entre todas as outras, de onde o homem local, herdeiro da sabedoria dos indígenas nativos, aprendeu a retirar parte essencial de seu sustento.

USO

Sua madeira é empregada para construções rurais e em beira de rios. A polpa do fruto fornece óleo comestível e é consumida pelas populações locais, geralmente na forma de doces. A árvore é muito ornamental, podendo ser usada com sucesso na arborização de ruas e parques. Esta palmeira é uma das mais importantes e talvez aquela que desde o tempo pré-histórico os índios vêm tirando maior proveito, sendo que ainda hoje as tribos dispersas na Amazônia saúdam alegremente a aparição dos frutos maduros, realizando nessa época, sempre ansiosamente esperada, as suas melhores festas e celebrando simultaneamente os casamentos ajustados.

As fibras originadas das folhas jovens, ainda fechadas, são bastante resistentes e utilizadas principalmente para a confecção de redes e cordas (Sampaio et al., 2008), sendo que as fibras menos resistentes são empregadas para a confecção de várias peças artesanais, como bolsas, sacolas, cestos, chapéus, sandálias, esteiras, vassouras, jogos americanos, porta-talheres, entre outros.

A polpa dos frutos é utilizada para fazer doces e sorvetes, além de ajudar na recuperação da pele queimada ou machucada. As sementes são utilizadas para fazer colares e outras ecojóias. As folhas trançadas cobrem as casas e até do caule se extrai um líquido que substitui o açúcar.

O buriti é a maior fonte natural conhecida de carotenóides (pró-Vitamina A), já muito conhecidos por suas propriedades protetoras para a pele. Estudos adicionais demonstram que o óleo também é muito útil para o cuidado dos cabelos, especialmente os danificados. O uso do óleo em condicionadores pode ajudar a recuperar a força e maleabilidade dos fios. Entre os sucessos já lançados, destacam-se os produtos solares, pré e pós-solares e maquilagens.

Japão, França e Estados Unidos parecem especialmente atraídos pela sua cor vermelha intensa.

O óleo de buriti pode ser extraído de duas maneiras: a partir da semente ou por meio da polpa do fruto, via prensagem a frio.É rico em ácido oleico (presente em maior proporção), ácido palmítico, ácido linoleico e ácido linolênico. É considerado uma fonte natural de betacaroteno (vitamina A) e de tocoferóis (vitamina E), que são poderosos antioxidantes.

Possui alta estabilidade oxidativa, pois é rico em betacaroteno, que possui grande capacidade de renovação celular e que também funciona como um excelente esfoliante natural. A vitamina

A combate radicais livres responsáveis pelo envelhecimento precoce. Essas substâncias se ligam ao colágeno da pele, resultando na melhora da elasticidade e na redução do envelhecimento. Ele aumenta a elasticidade e diminui o ressecamento da pele exposta à radiação solar. Pode ser aplicado diretamente em queimaduras, por promover alívio imediato na região e por auxiliar na cicatrização. Quando aplicado na pele do rosto ou do corpo, além de ajudar contra o envelhecimento e proteger dos raios solares como um protetor solar natural, o óleo de buriti deixa a pele com uma aparência luminosa, macia e de vitalidade. Por ser cicatrizante e antioxidante, pode ser aplicado em peles com acnes, ajudando na cicatrização de espinhas. É facilmente absorvido sem deixá-la com aspecto oleoso.

Nos cabelos, esse maravilhoso óleo é usado como fortalecedor capilar, além de prolongar a duração da cor em cabelos tingidos devido à sua forte coloração. Emoliente, o óleo auxilia na hidratação dos fios, restaura cabelos danificados, elimina pontas duplas, controla o frizz e promove o brilho.

O óleo extraído da fruta tem valor medicinal para os povos tradicionais do Cerrado que o utilizam como vermífugo, cicatrizante e energético natural, também é utilizado para amaciar e envernizar couro. 

A incisão da inflorescência, antes de desabrocharem as flores, fornece um líquido adocicado que, se fermentado, se transforma no “vinho de buriti”, podendo este ser preparado também do mesocarpo do fruto, de onde se fabrica o famoso doce de buriti. A medula do tronco fornece uma fécula semelhante ao sagu.

Fruta riquíssima em vitamina A. Além de bastante calórica, possui altas concentrações de fibras, que auxiliam na digestão, além de cálcio e ferro.A polpa de buriti apresenta predominância dos minerais K, Ca, Na, Mg, Fe, Mn, Zn, Cu, Se, Cr, I e pode ser considerada um alimento funcional.

Na região dos Lençóis Maranhenses, artesãos tem fabricado alguns modelos de sacolas retornáveis, conhecidas como sacola maré e sacolão batido, consideradas alternativas interessantes e não descartáveis, que podem ser empregadas para redução do consumo de sacolas descartáveis nos supermercados. Tais produtos são bonitos, resistentes, biodegradáveis e ecologicamente corretos.

REZA A LENDA

“A história nos conta que, antigamente, nossa região era habitada por inúmeras tribos indígenas. Estas eram atraídas pela abundante fauna e flora do lugar, além de muitos rios e riachos. Dentre todas as tribos, a mais respeitada era a do Cacique Airuanã, sua aldeia pertencia à nação Tapuia e se localizava nas margens férteis do caudaloso Riacho Muriti, como na época era chamado. Ali, nossos primeiros habitantes encontraram um local adequado para viver.

O cotidiano dos nativos era repleto de alegria, nadavam, pescavam, caçavam, plantavam e se reuniam no terreiro para disputas e comemorações. Todas as noites de lua, diante de uma grande fogueira, juntavam-se para contar estórias. Destas as que mais despertavam o interesse eram narrativas que explicavam o surgimento das coisas, queriam saber e entender de que maneira tudo aquilo que os cercavam passou a existir.

Numa dessas encantadas noites, a filha mais moça do cacique, a linda Araci, indagando ao velho Airuanã, quis saber como havia nascido a primeira das inúmeras palmeiras que tanta fartura lhes oferecia. O pai atencioso, sentado no tronco de um Angico Branco, foi logo explicando:          – Tupã, o nosso criador, tinha nas mãos uma linda semente e olhando para o nosso lugar disse: “Vou dar de presente para aquela nação esta semente”, e nos abençoou com a palmeira muriti.

Mas um certo espírito do mau, de nome Mauarí , passou ali por perto e com inveja perguntou ao criador:          – Onde vai plantar  esta semente? Como vai se chamar?

Tupã observando a grande inveja e ganância pela semente, não lhe deu atenção e nada respondeu, e só deu o nome dela quando Mauarí se retirou.

Ao entregar a semente aos índios, Tupã disse:          – Desta semente nascerá uma imponente árvore que terá o nome Muriti. Será de porte alto e crescerá de 35 a 40 metros de altura. Vai ser a Rainha das florestas desta terra e dela derivará seu nome. No desabrochar de suas palhas, cor verde esmeralda, as do olho terá que formar primeiro uma bela coroa. Esta será vista por todos observadores, depois de aberta e já com forma de uma grandiosa mão protegerá todos desse lugar, e em gratidão pela dádiva recebida deverão respeitar e preservar sua existência.

Nossos ancestrais cuidaram logo de plantar a semente, e dela nasceu nossa primeira palmeira de buriti. Desta, várias outras surgiram dando origem ao nosso buritizal, seus cachos com mais de dois metros de comprimento, seus frutos arredondados de escama vermelho rubi, dá uma polpa amarela cor de ouro, utilizada para fabricação de pamonhas, sucos, azeite e doces. A palha serve de coberta para as ocas, o volumoso riacho de forte correnteza tudo irriga, abastecendo com pura água as raízes das palmeiras.

Mauarí irritado com a felicidade indígena e com raiva de Tupã por não ter nele confiado, rogou uma maldição naquele verde paraíso, dizendo:             – Quando a ganância e a inveja falarem mais alto, os homens tornarem-se ambiciosos pelo poder e não mais se respeitarem, essa harmonia e fartura terá fim. As águas secarão, o fogo queimará, o solo empobrecerá e estas palmeiras não mais produzirão.          

Tupã, ao tomar conhecimento do mau agouro profetizou:          – O presente que entreguei não pode ser maculado. Acredito que sempre haverá homens de boa vontade e de bom coração que tudo farão para impedir essa maldição. As nobres palmeiras resistirão o máximo possível e de pé ficarão, enquanto existir esperança na defesa de sua vida.”

Texto: Professor Gildazio e Poeta Neném Calixto

CURIOSIDADE

Várias cidades do Brasil têm nome em homenagem ao Buriti: Buritizal (SP), Buriti (MA), Buritis (MG), Buriti Alegre (GO), Buriti Bravo (MA), Buritama (SP), Buriti dos Lopes (PI), Buritirama (BA), Buritizeiro (MG).

CARACTERÍSTICAS

Nome cientifico: Mauritia flexuosa

Reino: Plantae

Classe: Liliopsida como o Lirio

Ordem: Arecales como o cocô

Familia: Arecaceae como o Dendê

Genero: Mauritia

Especie: M. flexuosa

O buriti é uma palmeira com 25 a 50 metros de altura, porte elegante, estipe reto e simples.

Possui folhas grandes, dispostas em leque, em formato de estrela. Cresce preferencialmente em terrenos pantonosos.

As flores reunidas em inflorescência do tipo cacho, de até 3 metros de comprimento, possuem coloração amarelada, surgindo de dezembro a abril.

Frutos tipo drupa, globoloso e alongado, com a superfície revestida por escamas castanho-avermelhadas e brilhantes. Polpa alaranjada, envolvendo uma semente globosa e dura, oval e a amêndoa é comestível.

Palmeira robusta e elegante de 20-30 m de altura, com tronco (estipe) solitário e ereto, sem ramificação, liso e com anéis uniformemente espaçados, de 30-60 cm de diâmetro. No ápice do estipe encontra-se uma coroa de 20 folhas de até 4 m de comprimento. É uma planta dióica ou polígamo dióica, ou seja, existem indivíduos com flores masculinas e indivíduos com flores femininas e hermafroditas. O fruto é uma drupa globoso-alongada de 4-7 cm de comprimento, constituída de epicarpo (casca mais externa) formado de escamas rombóides de cor castanho-avermelhada; mesocarpo (parte comestível) representado por uma massa espessa de cor alaranjada; endocarpo esponjoso que envolve a semente muito dura. Uma única planta pode conter até 7 cachos de frutos, com uma média anual de produção de 5000 frutos.

PRODUTOS MAGNA MATER COM BURITI




REFERÊNCIAS

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